site stats Blog da Scarlet: Tudo um trade-off

Tudo um trade-off

Conversa com um amigo no msn ontem a noite:

- e aí, bicho? tudo legal? novidades?
- novidade nenhuma. tudo do mesmo jeito. trabalhando hoje pra pagar o que comemos ontem.

Quando eu estudava na 3a. série do 1o grau, foi a primeira vez que me lembro ter escutado 'O Brasil é o país do futuro'. Lá pelas épocas que eu fiz o vestibular eu achava: 'Acho que agora é o futuro, o Brasil passa pro primeiro mundo. '

Nesse época sofrei meu primeiro assalto: era estagiário num CPD de uma empresa (sim, sou da época dos CPDs). 2 caras armados me tomaram o carro, usaram para um assalto numa farmácia Pague-Menos e por pouco não me mataram (ficaram discutindo se deveria me matar ou não, porque eu ia lembrar deles de falar para a polícia)

Mais ou menos 1 ano depois, uma conhecida minha foi abusada numa cabine telefônica. Um assaltante entrou na cabine telefônica onde ela estava, agarrou por trás e passou a mão nela toda, beijou, cheirou, fez contato sexual com ela...tudo uma cena enquanto dizia: 'passa a bolsa, gatinha', quem via de fora achava que era um casal de namorados doido...uma experiência horrível.

Outros ocorream depois, mas não tão perto de mim assim. Até coisa de 2 meses atrás: o vizinho da casa onde eu morava, ali pelo bairro de Fátima, estava chegando em casa no carro. Isso era 6 da noite. Dois bandidos armados entraram no carro:- Sai sai garotão!! o teu carro agora é nosso.

O problema é que o meu amigo é deficiente. Não podia sair assim sem mais nem menos do carro sem a cadeira dele, que fica no porta malas.

Houve um grita grita dentro do carro por causa disso, até que os meliantes finalmente notaram que sim, ele era paraplégico.

Durante esse interim, tudo na vida de alguém muda. Não adianta seu trabalho, se você faz horas extras, se você junta dinheiro para aquela viagem... nada disso serve se você vive num país onde infelizmente o Estado AINDA não oferece as mínimas condições da gente conquistar nossos planos e sonhos com o suor e dedicação e trabalho.

A história é a seguinte: a gente não se toca, até acontecer do nosso lado. Se acontece no bairro pobre, na cidade do lado, em São Paulo...tudo bem. Não é conosco - pensamos. Mas quando acontece com o nosso amigo, com um vizinho, com um familiar...aí é quando cai a ficha - putz...podia ter sido eu :-(. Senão fosse aquele sinal vermelho que me segurou 30 segundos a mais.

Quando um amigo meu morreu e eu recebi a notícia eu falei pro cara: Como assim morreu? - a ficha demora pra cair, como se nós fossemos eternos e a vida fosse uma novela das 7.

aparece cada doido na tv


Dizem que, comparando com o primeiro mundo, coisa de 1 ano depois é que a maioria entende o quão frágil e expostos estavámos durante os últimos 15, 20 anos da nossa vida. As vezes até achamos que é milagre chegar onde chegamos. Isso talvez explique porque tanta gente é capaz de fazer mil loucuras para tentar uma vida melhor nos USA, na Europa etc. que nem aquela garota da novela das 8 que atravessou o Texas.

Os astronautas quando estão no espaço e olham o nosso planeta dali de cima, nunca mais voltam a ver o mundo de outra forma. Talvez mudamos quando vemos que realmente somos frágeis e estamos a mercê de mil variáveis.

A pergunta que não quer calar: Qual o mais fácil - dedicar sua atual vida e futura geração dos seus filhos para trabalhar em prol de um re-início para nosso país? ou simplesmente deixar isso aqui e seguir seus sonhos num local onde você efetivamente pode realizar mais facilmente com seu esforço e merecimento?




E voltando ao mundial... :-)
Quem ganha essa copa do mundo? siga a regra do 3964 :-)